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Dr. Bissaya Barreto |
A Colónia Balnear da Gala foi inaugurada no dia 25 de setembro de 1950 por Trigo de Negreiros, Ministro do Interior de Salazar de 1950 a 1958, estando também presentes Trigo de Negreiros, Bissaya Barreto e o presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz Álvaro Mafafaia.
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Fernando Baeta Bissaya Barreto Rosa foi o grande impulsionador desta obra. Nasceu em Castanheira de Pera em 29 de outubro de 1886 e faleceu em 16 de setembro de 1974 em Lisboa.
Aluno brilhante, formou-se em Filosofia e Medicina na Universidade de Coimbra. Republicano convicto, participou no grupo de Livre Pensamento (1904), na criação do Centro Republicano Académico, assinou o Manifesto Académico ao País dos estudantes revolucionários de Coimbra, lançou o jornal “Pátria” e aderiu à greve académica de 1907 integrando o grupo dos “intransigentes” quando era dirigente da Associação Académica e do Centro Republicano.
Recusou receber das mãos do rei o prémio que lhe foi atribuído por ser um dos melhores alunos da universidade e, em 1909, quando o combate entre republicanos e monárquicos se intensificou com as sociedades secretas, aderiu à Maçonaria através da loja de iniciação de estudantes “A Revolta”, da qual fez parte até 1913.
A inauguração em 1950 |
Após a implantação da República foi eleito deputado à Constituinte (1911) e deputado na Assembleia Nacional (1912-1915) pelo partido evolucionista, liderado por António José de Almeida.
Em 1915 doutorou-se e iniciou a sua carreira como professor universitário na Faculdade de Medicina de Coimbra, a qual culminaria em 1956, ano em que se jubilou.
Seu pai foi presidente da Câmara Municipal do Pedrógão e ele próprio foi presidente da Câmara Municipal de Coimbra de 1922 a 1926.
Entre outras funções, foi deputado à Assembleia Nacional Constituinte (1911), dirigente do Partido Republicano Evolucionista e depois da União Liberal Republicana. Após o golpe de Estado de 28 de maio de 1926 aderiu à União Nacional de que foi um destacado dirigente.

À sua iniciativa se devem os Sanatórios de Celas e dos Covões, atualmente Hospital Pediátrico de Coimbra e Hospital Geral, a Maternidade Bissaya Barreto, o Hospital Sobral Cid, o Hospital Psiquiátrico do Lorvão, o Hospital Rovisco Pais e o Hospital da Figueira da Foz.
A 1 de setembro de 1950 foi feito 59º sócio do Ginásio Clube Figueirense e a 29 de outubro de 1956 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem de Benemerência.
Em 26 de novembro de 1958 criou a Fundação Bissaya Barreto, em Coimbra, com sede na casa onde viveu.
Desde 1963 foi Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Coimbra. Nesse ano, a 9 de maio, foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo.
Após o 25 de Abril foi exonerado de todos os seus cargos, morrendo em Lisboa a 16 de setembro de 1974.
Bissaya Barreto foi membro de conselhos de administração de grandes indústrias que integraram, no início dos anos 70, os grupos financeiros portugueses. Foi médico, professor universitário e benemérito, com fortes ligações a Salazar.
Ajudou, contudo, alguns destacados antifascistas, entre os quais o Capitão Henrique Galvão, que terá auxiliado a fugir do Hospital de Santa Maria, em 1959, quando cumpria uma pena de prisão e se deslocou a este hospital.
(Henrique Galvão foge e refugia-se na embaixada da Argentina. Depois exila-se na Venezuela. Foi durante este exílio que Henrique Galvão começou a preparar aquela que seria a sua ação mais espetacular: o desvio do paquete Santa Maria em 1961. Coordenou esta ação com Humberto Delgado, que estava exilado no Brasil.

Voltando à Colónia Balnear da Gala, onde foram felizes milhares de crianças pobres que aqui viram o mar pela primeira vez, recordamos a satisfação de quem por lá passou:
“-Os Banhistas, de calças compridas e arregaçadas, punham-nos todos em fila. Pegavam em cada criança, uma a uma, pelo peito e pernas, e mergulhavam-nos por baixo de uma onda. Estava o banho de mar tomado... o pão com marmelada tinha um sabor especial na Praia da Gala. O que gostava menos era ter que ir para a cama (em beliche) ainda com o sol bastante alto. Saudades desses tempos.”
“-Se houver paraíso no céu, este era o da terra, com o nome de Colónia Balnear Dr. Oliveira Salazar. Por baixo dizia: “Façamos felizes as crianças da nossa terra! Existia uma carrinha VW, tipo pão de forma, que fazia a manutenção daquela colónia. O diretor era o Sr. Marques e dava emprego a dezenas, se não centenas de pessoas, e tudo isto a custo zero. No que diz respeito a alimentação e alojamento era do melhor – Hotel 10 Estrelas!"
"-Não tenho palavras para descrever o quanto aquela colónia era maravilhosa. Hoje recordo com muitas saudades os tempos que lá passei e de vez em quando vou lá fazer uma visita. Atualmente era impensável existir uma instituição desta categoria. Tenho dito. A.L.”

No local da Colónia Balnear foi construído o Centro Geriátrico Luís Viegas Nascimento, pertença da Fundação Bissaya Barreto, que foi inaugurado em 2005 e tem capacidade para 77 residentes.
(Pesquisa de Fernando Curado / Compilação e publicação de António Flórido / Set.2018)
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