Situado em local privilegiado na Esplanada António da Silva Guimarães foi erigido, em memória deste oficial da marinha mercante e empreendedor da exploração das minas e indústrias do Cabo Mondego, todo o complexo composto pela Casa da Conchas (1915), o antigo edifício do turismo e o Castelo Engenheiro Silva.
Na altura foram testemunho das transformações sócio-culturais operadas na Figueira da Foz, na transição entre os séculos XIX e XX, fazendo notar o gosto ecléctico de uma tipologia arquitetónica de habitação privada de veraneio, completamente distinta do restante aglomerado urbano.
Esta diversidade construtiva ir-se-á disseminar durante a primeira metade do século passado, dando origem à rica variedade do edificado que constitui o tecido urbano do Bairro Novo, com exemplares revivalistas, historicistas, de influências Arte Nova, Art Déco e até bauhausianas.
A Casa da Conchas deve o seu nome ao remate do topo da fachada, guarnecido com uma fileira de elementos escultóricos em forma de concha de vieira (nome cientifico Pecten maximus).
A temática marinha estende-se ao conjunto azulejar organizado segundo um friso horizontal ao longo de toda a fachada, imediatamente acima das janelas do segundo piso e um conjunto de painéis distribuídos sobre as janelas do piso térreo.
Os recursos estilísticos Arte Nova dominam a composição, em entrelaçados fitomórficos de linhas ondulantes, simulando algas que enquadram espécimes da fauna marinha ou a ela associados, várias espécies de peixes, búzios, gaivotas, caranguejos, etc.
Esta conceção não encontra correspondência na restante decoração da fachada, de composição retilínea com alguns elementos classicizantes, contribuindo para uma mistura sóbria mas ecléctica.
Desconhecemos qual a fábrica responsável pela produção deste conjunto azulejar, bem como os seus autores ou autor.
No contexto português a sua originalidade é notória, bem como o cuidado na representação fiel ou caracterização das espécies, todas elas diferenciadas e provavelmente reproduzidas a partir de gravuras científicas.
(Compilação e fotos pequenas do site ‘Cerâmica Portuguesa’)
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