Patronato de S. Miguel = A história de uma Instituição figueirense formadora de homens de elevados valores sociais e morais

1ª fila, em cima: Garcia, Alberto Carvalho, Guerra, Temudo, Leonel e Bernardino; 2ª fila: A.Alves, António Traz o Metro,  Henrique Guerra,  João Flor, Manuel Fernandes, Norberto, Celestino, Sérgio, Júlio Pipa e Marcolino; 3ª fila: Joaquim de Jesus, Álvaro 'Caganeta', Cruz, Liceia, Mário Carvalho, Dourado, Manuel 'enfermeiro', A.Fonseca, Lopes, Antonino e Brandão Faria; 4ª fila, em baixo: A.Flores, H.Flores, João Amilcar, João Aires, Crispim, João F.Heleno, J.Fonseca, António Santos, Bernardo, Fernandes Tomaz e Fossa. Ano de 1935/936.

Por volta de 1930, época de fervor religioso em Portugal, começaram a surgir muitos casos de crianças a desejar estudar sem deixar também o estudo e o seguimento da religião cristã. 

2ª sede na rua dr. Santos Rocha

1ª sede no Beco da Lomba

Na Figueira da Foz o Monsenhor José dos Santos Lourenço Palrinhas apercebeu-se dessa crescente vontade, própria ou influenciada pelos pais, por parte de inúmeros rapazes. Assim, decidiu criar uma escola onde pudesse aliar o ensino básico ao cristão, fundando o Patronato de S. Miguel no ano de 1933. Instalado no Beco da Lomba durante cerca de três anos, para aqui entraram os primeiros alunos que Monsenhor Palrinhas ou foi “buscar à rua” ou aceitou antes de entrarem noutras escolas. 

A carteira escolar nº 605 do Patronato

Mas como o espaço era exíguo, o Patronato mudou-se para a rua dr. Santos Rocha três anos depois, em 1936, onde se manteve 39 anos. Em 1961, e aquando da sua chegada, foi a vez do padre Arménio Marques continuar a obra. 

Alunos com a profª. Maria Luisa e o padre Arménio Marques (1961/962)

Neste período saíram daqui, bem formados para o prosseguimento dos estudos e embutidos dos valores sociais e morais fundamentais, inúmeros e distintos homens de grande estofo, moral e profissionalmente competentes: médicos, advogados, notários, comerciantes, militares mas, e sobretudo, muitos trabalhadores em vários ramos cuja formação lhes permitiu uma bem elaborada profissão. Muitos recordam com saudade as brincadeiras no pátio, o etiquetar semanalmente do jornal O Dever e até o ato de rezar antes das refeições. E foi considerada uma das melhores escolas do distrito. 

Um cubo de geometria ou matemática
e uma máquina de cortar o cabelo aos "miúdos"!

Foram professores do Patronato o padre Bastos, Maria Eugénia Nunes, Teresa Ramos e Maria Luísa Ramos; mas os grandes obreira desta geração de homens, para além de monsenhor Palrinhas, foi Maria Manuela Soares, que levou a exame da 4.ª classe centenas de jovens sem que nunca nenhum tenha reprovado. 

Em 1961 o padre Arménio Marques continuou a obra com outras preciosas colaborações, desde as saborosas sopas da dona Deolinda até às aulas da professora Natércio Crisanto, isto até 1975.

Neste ano o Patronato foi obrigado a fechar por pressão do PCP, que alegou que “instituições destas envergonhavam o país de pobreza, era da igreja, não era para existir!" O Patronato de S. Miguel encerrou por ser um “estorvo!"

Uma recente reunião de Antigos Alunos nos primeiros anos deste século

Compilação de autoria de António Flórido / Figueira da Foz / Outubro de 2012. 
(Fontes consultadas: jornais “A Voz da Figueira” e “O Figueirense”, internet, e um dos primeiros alunos, Brandão Faria)